Trabalho apresentado como requisito de avaliação do curso de Administração de Empresas da Faculdade UNA Contagem na disciplina de Macroeconomia.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Os Planos Collor 1 e Collor 2

Os planos Collor I e II direcionaram a política econômica durante os dois anos de governo do ex-presidente Fernando Collor, marcados na história principalmente pelo confisco da caderneta de poupanças – a mais drástica entre as tentativas de combate aos altos índices de inflação que vigoravam à época no país.                                                                                                                                                   
Entre dezembro de 1989 e março de 1990, a inflação saiu de uma taxa em torno de 50% ao mês para a faixa de aproximadamente 100% ao mês, cita o professor da faculdade de Economia da USP, Heron do Carmo.                                                                                                                                                          “Era uma situação que merecia, de qualquer que fosse o candidato eleito, uma dedicação especial e um ataque rápido ao problema, evidentemente, socialmente custoso”, avalia.


Principais aspectos dos planos

Collor 1
Collor 2
O que foi?
Um dia após sua posse na Presidência, em 16 de março de 1990, o então presidente Fernando Collor anunciou o Plano Brasil Novo – ‘apelidado’ de Plano Collor
Diante da impossibilidade do Plano Collor 1 de controlar efetivamente o aumento da inflação, em 31 de janeiro de 1991, foi anunciado um segundo plano
Objetivos
Atacar a inflação em 3 frentes: redução do excesso de liquidez (dinheiro circulando incentivava a alta de preços), corte de déficit público (excesso de gastos do governo) e desindexação (mecanismo que reajusta automaticamente os preços acompanhando a inflação passada)
Além de controlar as altas de preços, buscou estimular a indústria nacional, que ia mal. As medidas centrais foram as que congelaram preços e salários, mudaram o critério de indexação e promoveram a reforma financeira
Medidas
Bloqueio bancário
Medida mais lembrada foi o ‘confisco’ da poupança, que bloquearia por 18 meses os valores dos investimentos acima de NCz$ 50 mil. A lógica era que, “tirando” o dinheiro de circulação, haveria menos pressão inflacionária

Troca da moeda
O Cruzado Novo (NCz$) foi substituído pelo Cruzeiro (Cr$), com dois propósitos: permitir o bloqueio sem ferir a lei, já que os recursos seriam devolvidos em uma moeda diferente; e marcar a mudança da política econômica

Abertura comercial

O plano previa a redução gradual das tarifas de importação, para forçar o aumento da competição. Com importados mais baratos, os produtores nacionais seriam forçados a reduzir seus preços e melhorar a qualidade dos produtos.

Desindexação
As mudanças estabeleceram que contratos não poderiam mais usar a inflação para correção monetária em prazos inferiores a um ano. A lógica é que, ao aumentar os preços, essa indexação “carrega” para a frente essa inflação passada.

Ajuste nas contas públicas

O governo determinou demissões em massa de servidores, aumento de tarifas públicas e o início das privatizações – reduzindo, assim, a quantidade de dinheiro que o governo “despeja” em circulação para pagar suas próprias contas.
Congelamento de preços e salários
Revisões de preços de acordo com avaliações do Ministério da Economia. Os salários, por exemplo, foram convertidos pela média real dos últimos 12 meses. O salário mínimo foi fixado em Cr$ 15.895,46 – posteriormente, foram concedidos abonos mensais.

Desindexação
O objetivo era limitar a aplicação de indexadores nos contratos de fornecimento de bens, serviços e obra, e financeiros.

Introdução da TR
Foi introduzida, como instrumento indexador, a Taxa de Referência de Juros (TR). Rendimentos como os da caderneta de poupança e dos títulos públicos, financiamentos, empréstimos e contratos a prazo passaram a ser regidos pela TR.

Medidas para equilíbrio fiscal
Foram tomadas 10 medidas para assegurar a meta de equilíbrio fiscal para 1991. O destaque foi o ajuste de tarifas públicas (como de 71,5% para os Correios, de  59,5% para energia e de 40% para transporte ferroviário)

'Reforma financeira'
Extinção de overnight e criação do Fundo de Aplicações Financeiras (FAF).

Estímulo à economia
Foram implantados programas de estímulo à indústria e a revisão da estrutura tarifária, dando prosseguimento à abertura comercial
FONTE:  www.clickestudante.com



Como o Plano Collor prejudicou alguns cidadãos

Pegamos Duas Historias de Brasileiros Que Tiveram Suas Poupanças Confiscadas

Maria Golqin Glina. "Eu não tinha nem dinheiro para comprar leite, se você quer saber", relata Maria Golqin Glina, 86 anos, mãe divorciada de cinco filhos, dois dos quais, à época do confisco implementado pelo Plano Collor, ainda frequentavam um colégio particular, na cidade de Itatiba, interior de São Paulo. Maria já era aposentada e vivia da renda de uma loja de móveis usados. "Eu fiquei desesperada, porque eu tinha dinheiro e não tinha, já que não podia usar". Em março de 1990 havia juntado dinheiro com os filhos para comprar um imóvel e deixar o aluguel. "Era uma sexta-feira. Aí a dona do imóvel que nós queríamos comprar disse assim: 'a senhora coloca o dinheiro no banco, e na segunda-feira nós fechamos o negócio'. Mas na segunda-feira a Zélia [Cardoso de Mello, então ministra da Fazenda] fechou o banco e pegou o dinheiro", conta Maria, que depois do confisco, morou durante mais dois anos de aluguel, até conseguir começar a construir sua casa.

Joaquim Costa Filho. Durante doze anos, o educador Joaquim Costa Filho trabalhou em dois empregos - diretor de colégio estadual no município de Caieiras, e professor em um colégio municipal em São Paulo - e viveu apenas com o salário de um. O plano era economizar para construir uma casa e sair do aluguel. Em março de 1990, a realização do projeto estava quase se tornando possível; Joaquim já havia reunido Cr$ 1 milhão - valor que hoje corresponderia a cerca de R$ 100 mil. Com o confisco, ele ficou impossibilitado de construir sua casa até o ano de 1997, já que, quando descongelado, o valor já não era mais suficiente para bancar o projeto.                                                                                                                                      Joaquim conta que, quando viu o anúncio, entrou em pânico. "Fiquei com a sensação de que não havia mais nada para se acreditar nesse país, porque ali estava sendo desrespeitado um direito básico"



REFERÊNCIAS:

Estadão: www.estadao.com.br    
Globo: g1.globo.com
Veja: veja.abril.com.br  

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