José Mauro da Silva,
economista:
"É a partir dela (Selic) que os bancos
calculam
quando cobrarão
de juros para conceder
empréstimos economista"
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A Selic aumentou pela quinta vez consecutiva neste ano na semana passada. E o que essa notícia significa, de fato, no cotidiano do rio-pretense? Para explicar um pouco sobre os impactos do aumento da taxa na economia doméstica, o Diário convidou quatro economistas.
A taxa Selic é principal instrumento de política monetária no combate à inflação. Um aumento provoca queda da atividade econômica e, portanto diminui as pressões sobre a inflação. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou mais uma vez a taxa Selic, de 9% para 9,5% ao ano. E a previsão do mercado é de nova alta, fechando o ano a 9,75%.
A taxa começou o ano em 7,25% e, depois de duas manutenções, foi aumentando gradativamente até chegar ao patamar atual. Em outras eras, em 1999, já chegou a bater os 45% ao ano. E, abaixo dos dois dígitos, com 9,25%, passou a ficar partir de junho de 2009. “A Selic dá o tom das taxas cobradas do cheque especial, do crediário, dos cartões de crédito, da poupança. É a partir dela que os bancos calculam quando cobrarão de juros para conceder empréstimos. Mas essa relação não é direta. Significa que o custo do dinheiro ficará mais caro”, explica o economista José Mauro da Silva.
O economista Hipólito Martins Filho explica que a Selic foi criada para remunerar os títulos da dívida pública, mas acaba sendo referência para todo o mercado e para se chegar a essa taxa é analisada a conjuntura interna e externa e as tendências do cenário econômico interno e externo.
A Selic é a taxa de juros média que incide sobre os financiamentos diários com prazo de um dia útil (overnight), lastreados por títulos públicos registrados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). O Copom estabelece a meta para a taxa e cabe à mesa de operações do mercado aberto do Banco Central do Brasil manter a taxa diária próxima à meta. “A oscilação tem efeito sobre o dia a dia das pessoas direta ou indiretamente, dependendo do perfil financeiro de cada um”, diz o economista Caio Nielsen.
Guilherme Baffi
José Aparecido
Firmino, economista:
"A Selic funciona como acelerador ou
freio
da economia.
O problema é encontrar o
ponto de equilíbrio entre as
duas
forças"
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O economista José Aparecido Firmino aponta outro aspecto da influencia da Selic: na atividade econômica. “Considerando os riscos do negócio, a carga tributária, a dificuldade de competir com importados, o aumento da taxa torna os investimentos financeiros mais atrativos que a aplicação na produção”.
Com a redução da atividade econômica, a tendência é de que exista um numero menor de postos de trabalho, redução da massa salarial, aumento dos juros do crediário, cheque especial, cartões de crédito e, por consequência, redução do consumo. “A Selic funciona como acelerador ou freio da economia. O problema é encontrar o ponto de equilíbrio entre as duas forças.”
Com a redução da atividade econômica, a tendência é de que exista um numero menor de postos de trabalho, redução da massa salarial, aumento dos juros do crediário, cheque especial, cartões de crédito e, por consequência, redução do consumo. “A Selic funciona como acelerador ou freio da economia. O problema é encontrar o ponto de equilíbrio entre as duas forças.”
O que é a Selic:
- O Serviço de Liquidação e Custódia (Selic) é um sistema eletrônico criado para processar o registro e a liquidação dos títulos da dívida pública federal. É como a Bolsa de Valores, só que a bolsa comercializa ações. No Selic, somente títulos. No mercado convencionou usar "a Selic" para referir-se à taxa de juros, que é a taxa que o governo federal usa para remunerar esses títulos da dívida.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é quem define o valor dessa taxa. A Selic é o termômetro da taxa de juros no País e é utilizada para remunerar quotas de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e juros básicos pelo judiciário.
CREDIÁRIO:
No caso do crediário a influência ocorre da seguinte forma: Quando o consumidor vai até a loja e compra um produto a prazo, quem está financiando o valor a ser pago pelo produto é uma financeira ou banco e quando aumenta a taxa Selic, o dinheiro que a financeira/banco capta para financiar o consumidor fica mais caro, sendo assim automaticamente a financeira ou banco repassa esse aumento para o consumidor, encarecendo o preço do produto que ele está comprando.
EMPRÉSTIMO:
O impacto ocorre no sentido de que quando a Selic aumenta, os bancos preferem emprestar ao Governo por ser de baixo risco, ao contrário dos empréstimos ao consumidor, que têm riscos de inadimplência mais alta. Os empréstimos ao cidadão envolvem outros cálculos de custo administrativos e riscos de inadimplência. O sistema financeiro também aproveita para recompor posições repassando pequenos aumentos ao consumidor final, como na taxa do cheque especial, de 7,77% passa para 7,81%.
APLICAÇÕES:
Um dos efeitos diretos é sobre quem investe em fundos DI, pois boa parte da carteira destes fundos é investida em papéis pós-fixados, ou seja, que seguem a rentabilidade da Selic. Assim, um aumento na Selic irá necessariamente aumentar a rentabilidade destes investimentos. Já para aqueles que investem em fundos pré fixados que tem seus títulos com valorização determinadas podem sofrer um impacto negativo no primeiro momento devido a necessidade de seus títulos terem de ser precificados a mercado. Com o atual nível da Selic, fica difícil para o investidor escolher entre a tradicional poupança e os fundos DI, pois apesar destes fundos terem títulos que seguem a rentabilidade da Selic, existem taxas que são descontadas da rentabilidade (imposto de renda, taxa de administração) o que prejudica o resultado.
INVESTIMENTOS:
A taxa Selic também é parâmetro dos investimentos, motor que gera desenvolvimento econômico. Para aplicar recursos financeiros na compra de máquinas, ampliação de empresas, abertura de novos negócios, o empresário vai comparar a taxa de retorno dos investimentos com, por exemplo, a taxa Selic, optando pela que for maior. Num cenário pior, se a empresa não tem recursos para ampliar o negócio e precisa recorrer a financiamentos – exceto as taxas de juros do BNDES - as demais são atreladas à Selic, cujo aumento inibe a disposição de investimento dos empresários.
REFERÊNCIA:
Diário web: chttp://www.diarioweb.com.br/novoportal/noticias/Economia/156531,,Veja+o+que+muda+com+o+novo+aumento+da+taxa+de+juros.aspx Acessado em 21 de outubro de 2013.
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